Achei interessante você falar de Malignant ali no final, porque é um filme que eu adoro. Sinto que Longlegs peca muito no que o outro acerta: (spoilers) Malignant ao revelar ser "mais galhofa" ou ao menos Mais Filme B do que se dava a aparentar, parece que é um twist divertido do diretor que demonstra autoridade em ambos os momentos "A24" e "Filme B". Longlegs por sua vez eu senti que foi uma mistureba de elementos sem explicação nem bom motivo pra existirem, nada da investigação parece tão concluído como somente abandonado enquanto plot. Não existe um rastro de sinergia entre a cena do Nic Cage andando pela casa da protagonista, onde ele se demonstra esguio e distante, e o personagem galhofa (que eu achei divertidíssimo) que ele demonstra ser em outras cenas.
Em outro aspecto menos "crítica de cinema", eu como alguém criado em família católica e que chegou a fazer até crisma achei toda a questão do satanismo muito fraca. Eu duvido genuinamente que o diretor tenha tido uma criação cristã. Nada parece ter muito incentivo: se a facção Diabo/Longlegs consegue atingir seu objetivo... e aí? Quais são os stakes? Não existe mistério tanto quanto existe o diretor imaginando que evocar satã é o suficiente para aterrorizar a audiência. A mãe da protagonista não parece ter intenções claras: se em um dado momento ela só estava fazendo isso pela proteção da filha, ao final do filme ela se entregou ao demônio... por que? O que ela ganha em troca? Algo foi prometido por essa devoção? A mitologia cristã cria um "pai da mentira" que oferece de tudo para seduzir e... ela trabalha pra ele de forma voluntária? Genuinamente acho que esse filme só fez tanto sucesso nos EUA porque eles são protestantes e o satã deles é meio vago também. Perdão, acho que me empolguei. Mas espero ter ajudado na discussão!
comentário excelente, vitor. realmente, o filme todo parece um amontoado de diferentes coisas, cada ator parece estar participando de um diferente filme, nicolas cage não tá nada demais, a protagonista é sem sal e a mãe é a melhor parte do filme. também adoro maligno, acho um filme muito sincero e autoconsciente do que é! sobre só ter feito sucesso nos EUA, talvez faça sentido...
acho que a palavra que melhor descreve esse filme é "superficial". não há aprofundamento nem intenção clara no enredo, acho que pensaram mais em como ter um marketing de sucesso do que entregar um bom filme.
o marketing foi genial mesmo, diego! meu problema com o filme nem foi a superficialidade, mas a pretensão (e nem gosto dessa palavra) de parecer algo maior do que realmente é. se seguisse uma linha farofa eu adoraria.
é interessante como a nossa experiência com cinema hoje é permeada pela forma como o filme é divulgado. toda essa história de terror do ano me soou muito engraçada levando em consideração que pouquíssimas pessoas tinham visto o filme, a então qualidade se dava pelos elementos avulsos da narrativa que mais chamavam atenção do público e como você mesmo disse, a sinopse quase não diz nada sobre o enredo além do básico, poderia ser sobre qualquer outro filme. mesmo tendo noção disso não fiquei menos interessada nele. talvez essa tenha sido a grande proposta: um filme que é antes de ser e que de fato não é, um teste de recepção. a esse ponto o público cinéfilo é só um devorador conceitos que representam nossa(s) subcultura(s) (triângulos amorosos, bratitude, divas servindo cunt, gente ensanguentada...), a maioria dos diretores se aproveitam muitissimo bem disso e a gente adora, em outros casos... pra mim longlegs é o saltburn do terror, os dois podem ser colocados em uma categoria de filmes que, apesar de se construírem a partir de elementos ditos clássicos, clichês e até interessantes, são tão superficiais que nem podem ser chamados de pretenciosos. pomposos, mas que não chegam nem a fazer cócegas no ego consumidor, odes que poderiam muito bem ter ficado engavetadas. ambos são muito bem produzidos, visualmente impecáveis, mas podemos reduzir um filme somente a isso? são sérios e satíricos. é aceitável que um filme seja ambíguo? por fim te deixam com aquela pulga atrás da orelha: é kitsch ou camp? (dei notas baixas para ambos no letterboxd)
achei muitíssimo interessante você ter citado saltburn no seu comentário, sami. porque faz sentindo, mas também porque foi um filme que eu dei nota alta no letterboxd, não que eu ache saltburn uma obra prima (concordo em tudo cm vc), e sim porque me diverti bastante com a pataquada da trama! sobre a percepção do público, concordo bastante, mt gnt (eu incluso) já espera algo específico sobre um filme apenas pelo selo A24 ou mubi, por exemplo, e tá tudo bem, eu acho... também sou extremamente fácil de agradar.
Primeiro texto que leio dos Contatos Imediatos e já me identifiquei. Fui ver Longless sem saber nada sobre o filme (fui com a minha namorada que tava interessada no filme). Acredito que foi a melhor decisão porque pude experimentar o filme sem saber nada além de que era um terror. Teve muitos momentos que fiquei confusa ou com aquela sensação de já saber o que iria acontecer. Tenho em mente que foi um filme feito para que o Nicolas Cage apresentasse uma atuação diferente das anteriores. Gostei? Até que gostei, foram alguns minutos de entretenimento, mas acredito que o filme teria muito o que render se eles tivessem experimentado e arriscado mais com o roteiro. Parecia um filme muito puxado para uma "fórmula" do que deveria acontecer numa investigação policial vs paranormal. Senti que o filme se manteve apenas na parte do iceberg que fica fora d'água e não aprofundaram a questão do paranormal, das mortes em série, da parte religiosa e até mesmo na história dos personagens.
acredita que eu também fiz questão de ir ao cinema sem saber absolutamente nada sobre o filme? faço isso com a maioria dos filmes! odeio trailer que entrega demais sobre a trama... sobre o nicolas cage, penso que ninguém contou pro pobi que o filme não era tãao sério assim, coitado. mas até que consigo olhar a obra com mais carinho agora.
obrigado pelo comentário, michelle, que seja o seu primeiro contatos de muitos!
Achei interessante você falar de Malignant ali no final, porque é um filme que eu adoro. Sinto que Longlegs peca muito no que o outro acerta: (spoilers) Malignant ao revelar ser "mais galhofa" ou ao menos Mais Filme B do que se dava a aparentar, parece que é um twist divertido do diretor que demonstra autoridade em ambos os momentos "A24" e "Filme B". Longlegs por sua vez eu senti que foi uma mistureba de elementos sem explicação nem bom motivo pra existirem, nada da investigação parece tão concluído como somente abandonado enquanto plot. Não existe um rastro de sinergia entre a cena do Nic Cage andando pela casa da protagonista, onde ele se demonstra esguio e distante, e o personagem galhofa (que eu achei divertidíssimo) que ele demonstra ser em outras cenas.
Em outro aspecto menos "crítica de cinema", eu como alguém criado em família católica e que chegou a fazer até crisma achei toda a questão do satanismo muito fraca. Eu duvido genuinamente que o diretor tenha tido uma criação cristã. Nada parece ter muito incentivo: se a facção Diabo/Longlegs consegue atingir seu objetivo... e aí? Quais são os stakes? Não existe mistério tanto quanto existe o diretor imaginando que evocar satã é o suficiente para aterrorizar a audiência. A mãe da protagonista não parece ter intenções claras: se em um dado momento ela só estava fazendo isso pela proteção da filha, ao final do filme ela se entregou ao demônio... por que? O que ela ganha em troca? Algo foi prometido por essa devoção? A mitologia cristã cria um "pai da mentira" que oferece de tudo para seduzir e... ela trabalha pra ele de forma voluntária? Genuinamente acho que esse filme só fez tanto sucesso nos EUA porque eles são protestantes e o satã deles é meio vago também. Perdão, acho que me empolguei. Mas espero ter ajudado na discussão!
comentário excelente, vitor. realmente, o filme todo parece um amontoado de diferentes coisas, cada ator parece estar participando de um diferente filme, nicolas cage não tá nada demais, a protagonista é sem sal e a mãe é a melhor parte do filme. também adoro maligno, acho um filme muito sincero e autoconsciente do que é! sobre só ter feito sucesso nos EUA, talvez faça sentido...
Satanismo is brat in 2024
brat is satanism*
acho que a palavra que melhor descreve esse filme é "superficial". não há aprofundamento nem intenção clara no enredo, acho que pensaram mais em como ter um marketing de sucesso do que entregar um bom filme.
o marketing foi genial mesmo, diego! meu problema com o filme nem foi a superficialidade, mas a pretensão (e nem gosto dessa palavra) de parecer algo maior do que realmente é. se seguisse uma linha farofa eu adoraria.
é interessante como a nossa experiência com cinema hoje é permeada pela forma como o filme é divulgado. toda essa história de terror do ano me soou muito engraçada levando em consideração que pouquíssimas pessoas tinham visto o filme, a então qualidade se dava pelos elementos avulsos da narrativa que mais chamavam atenção do público e como você mesmo disse, a sinopse quase não diz nada sobre o enredo além do básico, poderia ser sobre qualquer outro filme. mesmo tendo noção disso não fiquei menos interessada nele. talvez essa tenha sido a grande proposta: um filme que é antes de ser e que de fato não é, um teste de recepção. a esse ponto o público cinéfilo é só um devorador conceitos que representam nossa(s) subcultura(s) (triângulos amorosos, bratitude, divas servindo cunt, gente ensanguentada...), a maioria dos diretores se aproveitam muitissimo bem disso e a gente adora, em outros casos... pra mim longlegs é o saltburn do terror, os dois podem ser colocados em uma categoria de filmes que, apesar de se construírem a partir de elementos ditos clássicos, clichês e até interessantes, são tão superficiais que nem podem ser chamados de pretenciosos. pomposos, mas que não chegam nem a fazer cócegas no ego consumidor, odes que poderiam muito bem ter ficado engavetadas. ambos são muito bem produzidos, visualmente impecáveis, mas podemos reduzir um filme somente a isso? são sérios e satíricos. é aceitável que um filme seja ambíguo? por fim te deixam com aquela pulga atrás da orelha: é kitsch ou camp? (dei notas baixas para ambos no letterboxd)
achei muitíssimo interessante você ter citado saltburn no seu comentário, sami. porque faz sentindo, mas também porque foi um filme que eu dei nota alta no letterboxd, não que eu ache saltburn uma obra prima (concordo em tudo cm vc), e sim porque me diverti bastante com a pataquada da trama! sobre a percepção do público, concordo bastante, mt gnt (eu incluso) já espera algo específico sobre um filme apenas pelo selo A24 ou mubi, por exemplo, e tá tudo bem, eu acho... também sou extremamente fácil de agradar.
arrasou
obrigado!
sinto que é comum o oz perkins querer servir conceito falhar nisso e sair um filme só muito chato
pior que não me interessei por nenhum filme dele além de longlegs :(
Primeiro texto que leio dos Contatos Imediatos e já me identifiquei. Fui ver Longless sem saber nada sobre o filme (fui com a minha namorada que tava interessada no filme). Acredito que foi a melhor decisão porque pude experimentar o filme sem saber nada além de que era um terror. Teve muitos momentos que fiquei confusa ou com aquela sensação de já saber o que iria acontecer. Tenho em mente que foi um filme feito para que o Nicolas Cage apresentasse uma atuação diferente das anteriores. Gostei? Até que gostei, foram alguns minutos de entretenimento, mas acredito que o filme teria muito o que render se eles tivessem experimentado e arriscado mais com o roteiro. Parecia um filme muito puxado para uma "fórmula" do que deveria acontecer numa investigação policial vs paranormal. Senti que o filme se manteve apenas na parte do iceberg que fica fora d'água e não aprofundaram a questão do paranormal, das mortes em série, da parte religiosa e até mesmo na história dos personagens.
acredita que eu também fiz questão de ir ao cinema sem saber absolutamente nada sobre o filme? faço isso com a maioria dos filmes! odeio trailer que entrega demais sobre a trama... sobre o nicolas cage, penso que ninguém contou pro pobi que o filme não era tãao sério assim, coitado. mas até que consigo olhar a obra com mais carinho agora.
obrigado pelo comentário, michelle, que seja o seu primeiro contatos de muitos!